quinta-feira, março 30, 2006


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Meus queridos amigos, tenho saudades vossas.

sábado, março 25, 2006



"Por isso, meu caro senhor, apenas me é possível dar-lhe este conselho: mergulhe em si próprio e sonde as profundidades onde a sua vida brota; na sua fonte encontrará a resposta à pergunta «Devo criar?» Aceite essa resposta, tal como lhe é dada, sem tentar interpretá-la. Talvez chegue à conclusão de que a arte o chama. Nesse caso, aceite o seu destino e tome-o, com o seu peso e a sua grandeza, sem jamais exigir uma recompensa que possa vir do exterior. Porque o criador deve ser todo um universo para si próprio, tudo encontrar em si próprio e na Natureza à qual toda a sua vida é devotada."
in 'Cartas a um Jovem Poeta'

terça-feira, março 21, 2006


Ophelia.
Sir John Everett Millais
Tate Gallery

APELO À POESIA
"Por que vieste? - Não chamei por ti!
Era tão natural o que eu pensava,
(Nem triste, nem alegre, de maneira
Que pudesse sentir a tua falta...)
E tu vieste,
Como se fosses necessária!

Poesia! nunca mais venhas assim:
Pé ante pé, covardemente oculta
Nas ideias mais simples,
Nos mais ingénuos sentimentos:
Um sorriso, um olhar, uma lembrança...
- Não sejas como o Amor!

É verdade que vens, como se fosses
Uma parte de mim que vive longe,
Presa ao meu coração
Por um elo invisível;
Mas não regresses mais sem que eu te chame,
- Não sejas como a Saudade!

De súbito, arrebatas-me, através
De zonas espectrais, de ignotos climas;
E, quando desço à vida, já não sei
Onde era o meu lugar...
Poesia! nunca mais venhas assim,
- Não sejas como a Loucura!

Embora a dor me fira, de tal modo
Que só as tuas mãos saibam curar-me,
Ou ninguém, se não tu, possa entender
O meu contentamento,
Não venhas nunca mais sem que eu te chame,
- Não sejas como a Morte!

Carlos Queirós

NE: Hoje é o dia Internacional da Poesia e este é um dos "meus" poetas.

domingo, março 19, 2006


Lothar Wolleh
The patriarch of Constantinople, 1966

Ainda sinto a mão do meu pai quando apertou a minha, era um até já; o amor nunca precisou de palavras.

quarta-feira, março 15, 2006

segunda-feira, março 13, 2006


Adolphe-William Bouguereau
The First Kiss (CUPID AND PSYCHE AS CHILDREN)
Private Collection

"The story of Cupid and Psyche was one of Bouguereau’s favorite myths. He painted several works inspired from this legend, such as The Rapture of Psyche, Psyche and Cupid, and Psyche. The myth of Cupid and Phsyche first appears written in The Golden Ass of Lucius Apuleius in the 2nd century AD. In the story, Psyche is a beautiful princess of whom the goddess Venus is jealous. In her rage she orders her son cupid to make Psyche fall in love with a monster, but Cupid falls in love with her himself. After several trials Cupid and Psyche make their plea to the gods who turn Psyche into an immortal and allow them to be married in heaven."


"Ela olhou muito para mim. Ela era o seu rosto de menina, a sua pele pura. Lembrei-me dos meus dedos sob a água limpa de uma fonte. Ela era a mulher mais bonita do mundo. Ela era a manhã sob o céu a iluminar a claridade. Ela disse amo-te. Ela, o seu rosto puro, diante de mim, as chamas, o fogo, disse amo-te. Como palavras impossíveis e como únicas palavras. Eu sorri tanto. Fui feliz e, nesse momento, morri. "
"Uma Casa Na Escuridão", José Luís Peixoto

sexta-feira, março 10, 2006


Adolphe-William Bouguereau
Young Girl Defending Herself against Eros
University of North Carolina at Wilmington

"Olhou para mim. Eu vi os seus olhos parados em mim. Estava diante de mim. Nunca a distância que nos separara havia sido tão curta. Eu não tinha braços para lhe estender. Eu só tinha os meus olhos para a abraçar. Os nossos olhos eram atravessados pelo corpo fino das chamas que se levantavam no quarto. Ela disse a tua vida foi muito importante. Eu amava-a ainda. Ela disse deste a tua vida para entender que o amor é impossível. O amor é o sangue do sol dentro do sol. Algo dentro de qualquer coisa profunda. Ela disse deste a tua vida para entender que o amor é a solidão. Ela disse estavas certo desde o início, o amor é tudo o que existe."

in "Uma Casa Na Escuridão", José Luís Peixoto

quinta-feira, março 09, 2006


Dante Gabriel Rossetti (1828 - 1882)
Blessed Damozel
National Museum Liverpool

quarta-feira, março 08, 2006


Auguste Rodin (1840-1917)
The hand of God, 1896

domingo, março 05, 2006


Grizzly bears feast on salmon at Brooks Falls on the Katmai Peninsula.
Photographer: Joe Pontecorvo


"Prezado companheiro "urso",

Sabia, há muito, que integrava a categoria dos mamíferos de grande porte. Confesso, porém, que nunca me havia observado como um "urso". É certo e sabido que sou suficientemente hirsuto e rotundo para ascender à categoria de "grizzly". Com efeito, aprecio o "salmão" e as "bagas silvestres" que - cada vez mais - escasseiam nesta urbe muito pouco florestal. Mas não é por aí, decididamente...

Aceito ser "urso", amigo. Mas sou "urso" porque hiberno. Ou melhor: somos "ursos" porque hibernamos. Bem sei que não abandonamos o estadode consciência durante os meses de Inverno, de papo pleno e camada adiposa bem fornecida. Bem sei que envidamos todos os esforços para nos mantermos em estado de alerta durante as 365 jornadas do ano. Sucede que, quando confrontados com exemplos daquilo que se entende ser uma "MULHER", hibernamos. Para todos os efeitos, entramos em hibernação. O metabolismo altera-se, os ponteiros do relógio biológico funcionam quando querem, os olhos andam mais encharcados...

Esforçamo-nos, de uma forma assaz patética, para ostentar a pose do guerreiro que não tomba, quando a posição que ocupamos no "campo de batalha" - estamos quase por terra, meu amigo, e com a calcinha arreada... - indicia precisamente o contrário.
Padecemos de uma maleita absoluta e incontestavelmente anacrónica: a generosidade da alma. Não logramos, tu e eu, apurar a equação exacta. E damos tudo, quase sempre sem solicitar o "soldo" ou o "maná" correspondentes. Somos diferentes, Paulo. Contudo, neste capítulo, somos fruto da mesma casta. Somos uva sumarenta e saborosa, porém frágil. E quando a "chuva" molha o "Verão", desfazemo-nos numa explosão de sumo açucarado. À margem do calendário das vindimas...

As histórias que estamos a viver não têm paralelo, bem sei. Tu és "urso" que experimentou - e de que maneira... - o favo de mel. Eu, "urso" mais novo mas nem por isso menos sofredor, ainda ando a ver se afasto as abelhas. Garanto-te, ainda assim, que ambas as histórias podem ter um final feliz e quiçá fecundo. Porque se os favos de mel se nos apresentarem convidativos, não hesitaremos em transferi-los para as nossas colmeias. E aqui, volto a dizê-lo, somos iguais. E ainda bem..."

Um abraço de "urso" "

NE: Mais arquivos de e-mails, este de 5 Outubro de 2003. Esta resposta veio no seguimento de um desabafo meu em que assumi ser um urso.

Hubble Space Telescope view of Mars at its closest point 2 years ago.