quarta-feira, abril 27, 2005


Rene Burri
School for deaf mute children. Music education.
Magnum Photos


Os poetas são meus amigos, o Eugénio, a Sophia, o Carlos Queirós, o Ramos Rosa, o Pessoa, o Peixoto, até mesmo o Camões, são meus amigos, estou a falar a sério, sabem exactamente o que sinto, já me proporcionaram lágrimas, mas sempres doces como as da Clarice Lispector em "Quando Chorar", e também já me fizeram rir, grande Natália! E não é para isso que servem os amigos...
O que seria hoje se não fossem estes amigos poetas? Beijo-vos as mãos.

A explicação do Amor e da Ternura está onde guardo tudo aquilo que só os poetas revelam.

NE: Não resisto à fotografia, educação musical para crianças surdas mudas, o Dó é um barco a vapor, o Ré uma criança a correr...

terça-feira, abril 26, 2005


STUBBS, George, 1724-1806
Whistlejacket
National Gallery, London

"O que dizemos"

O que dizemos,
Ninguém dirá
Como dizemos:
Palavra e gesto
Voz e acento
Calor e ritmo,
É tudo ímpar
É tudo novo
É tudo único.
Somos partículas
Inconfundíveis
Da Eternidade.

Carlos Queirós

NE: O que é que um retrato de um cavalo tem a ver com o texto? Porque também é assim uma obra de arte, uma partícula inconfundível da eternidade...

segunda-feira, abril 25, 2005


TURNER, Joseph Mallord William, 1775-1851
Auto-retrato, 1799
Tate Gallery, London

NE: Turner, visto por Turner, aos 24 anos. Era assim o rapaz...


NE: 25 de Abril II


"O pardalzinho"

O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!

Manuel Bandeira

NE: 25 de Abril

sexta-feira, abril 22, 2005


Paul Strand
Blind, 1916

"Divertimento com sinais ortográficos"
...
Em aberto, em suspenso
Fica tudo o que digo.
E também o que faço é reticente...

:
Introduzimos, por vezes,
Frases nada agradáveis...

.
Depois de mim maiúscula
Ou espaço em branco
Contra o qual defendo os textos

,
Quando estou mal disposta
(E estou-o muitas vezes...)
Mudo o sentido às frases,
Complico tudo...

!
Não abuses de mim!

?
Serás capaz de responder a tudo o que pergunto?

( )
Quem nos dera bem juntos
Sem grandes apartes metidos entre nós!

^
Dou guarida e afecto
A vogal que procure um tecto.

Alexandre O'Neill

NE: A propósito de vírgulas...

William Bouguereau, 1825-1905
Cupidon

"A possibilidade de uma dor infinitamente excitante, existe."
Novalis

NE: --«-«-@

quinta-feira, abril 21, 2005


Elliott Erwitt
ITALY, Sicily, 1965
Magnum Photos

NE: Estive em GREVE!!!!

domingo, abril 17, 2005


Joachim Patenier (c. 1480-1524)
Caronte atravessa o Styx
Museo del Prado

"Acredito que não há vida depois da morte para aqueles que morrem. Acredito que algo daquilo que foi a sua vida continua vivo naqueles que os conheceram e amaram. Essa é a única forma de vida depois da morte em que acredito. Não me parece pouco. Parece-me grandioso que parte daquilo que fez e que se foi continue vivo."

In, entrevista on-line a José Luís Peixoto

NE: Será que é assim? Será que ao morrer deixamos de ver os que amamos? Será que podemos voar? Será que iremos "gosar a luz celeste"? Será que podemos fazer Amor? Será a Morte um eterno orgasmo?
"Nem o Sol nem a Morte se podem olhar de Frente", disse François de la Rochefoucault

terça-feira, abril 12, 2005


William Holman Hunt, 1854
The Goat
NE: A ilustração

terça-feira, abril 05, 2005


Jean-Léon Gérôme, 1865
Le muezzin

AMIGO, NÃO TENHO PERGUNTAS PARA FAZER-TE

amigo, não tenho perguntas para fazer-te. quantas
pessoas entendem aquilo que não entendo? quem
descobriu o segredo mais inútil?

amigo, não tenho perguntas para fazer-te. basta-me
olhar. passaram anos, poderiam ter passado mais
anos ainda. poderiam passar séculos.

entendo o teu rosto. isso basta-me quando te vejo.
para mim, serás sempre o príncipe, a criança que
me mostrou as árvores.

o tempo não passou, amigo, agora, ao chegares,
olho para ti. o teu rosto é igual. agora, ao chegares,
sei que nunca partiste.

José Luís Peixoto

NE: Para o MEU AMIGO!!!!!

sexta-feira, abril 01, 2005


René Magrite
Golconde

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero."

Álvaro de Campos, in PASSAGEM DAS HORAS