quinta-feira, novembro 15, 2007


Ophelia
Sir John Everett Millais, 1829-1896
Tate Gallery, London

Querido Pai

Não digo nada há tempos, mas sabes que penso em ti constantemente. Ainda não sinto que morreste, ainda ando alienado, ainda não sei a falta que me fazes, ainda não percebi a perda, ainda não tenho saudades (ainda estás comigo), ainda sinto o teu cheiro, ainda ouço a tua voz, ainda sinto o teu toque, ainda sinto a tua presença, ainda não chorei.
Sabes que te adoro.

Beijinhos

terça-feira, novembro 06, 2007


Ecce Uomo
Escola Portuguesa secúlo XV
Museu Nacional de Arte ANtiga

Querido Pai

O teu pai morreu quando tinhas quatro anos, das primeiras memórias que tens é a da sua morte, mas não foi isso que fez de ti menos pai, soubeste sê-lo.
Nunca soube de quem gostavas mais, se de mim, se da Bela, esse é talvez maior elogio que te posso dar como pai, o teu amor era dividido em partes grandiosas que para nós eram iguais, grandiosas mas iguais.
A palavra pai era das que mais gostava de dizer, chamava-te: “Pai!” e respondias sempre, nunca me mandaste esperar, nunca disseste que não tinhas tempo, nunca arranjaste desculpas para não ouvires, estiveste sempre presente, tinha tanta coisa para dizer, tinha tanta coisa para ouvir, tinha tanta coisa para aprender, e esta vida não chegou.
Já não consigo pronunciar a palavra pai da mesma forma, já não respondes, isso mudou para sempre.
Um dia queria que me recordassem pelo amor que dou aos outros, nada mais importa, foi talvez a lição mais importante que aprendi contigo.
Lembras-te de um “até já” que demos quando estavas no hospital? Nunca precisámos de palavras para dizer que nos amávamos.

Até já, pai.

sexta-feira, novembro 02, 2007




Nunca estamos preparados para a morte de quem amamos, o meu pai morreu, é incrédulo que escrevo tal barbaridade, o meu pai morreu, o meu pai morreu, o meu pai morreu.