Steve McCurry
Kabul, Afghanistan, 1992
MEDO
"o medo dos olhos que
me olham
na rua,
medo do que serei:
não me imagino ninguém
sólido,
só prevejo
terrores na madrugada
baça,
escrevendo urgências
de fuga...
só medo!
medo do tempo
gotejando
gelado,
no meu corpo transido,
pancada a pancada,
de uma noite sem
cor.
tremo em vertigens
de queda livre.
sou medo de tudo!
do sono,
do sonho, da vigília sombria,
medo da vida e da morte,
da noite e do dia,
medo de mim e dos outros,
e desta dor vazia.
nada mais.
sou só isso:
amontoado disforme
de terrores:
fragilidade puída
de moribundo,
farrapo seco
e um vento quente de agosto
está a trazer as chamas
para aqui."
António Maga
NE: Prometo que é o último texto depressivo... mas casou tão bem com a fotografia...
este poema é desta cor... pelo menos é assim que o vejo.
1 Comments:
Estava agora mesmo a dar o nome ao meu blog - já que após muito tempo cedi às pressões e tropecei no ciberespaço -, quando vi que já alguém fizera a mesma opção. Não resisti e vim ver de que forma: uma óptima surpresa. :) continua.
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