terça-feira, junho 07, 2005


Salvador Dali
Muchacha en la Ventana, 1925
Reina Sofía National Museum

MADRIGAL MELANCÓLICO
"O que eu adoro em ti
Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha

Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai

O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é A VIDA!"

MANUEL BANDEIRA, 11 de Julho de 1920

ERRATA: "Não é o profundo instinto" MATINAL??????? Copiar textos da internet tem destes problemas... Até me arrepiei quando me apercebi do erro.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto especialmente deste, mais que não seja porque está no meu corredor ...

11:17 da manhã  

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