quarta-feira, março 23, 2005


Joseph-Marie Vien
Love Fleeing Slavery
Princeton University Art Museum

O AMOR E O TEMPO
Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, O Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.

- «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»

- Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
- «Por que voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» - Nesse momento

Volta-se o Amor e diz com azedume:
- «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!»
ANTÓNIO FEIJÓ