sábado, março 19, 2005


Joseph Vien
Le marchand d'amours
Fontainebleau, Musée national du château

II
Não um adeus distante
Ou um adeus de quem não torna cá,
Nem espera tornar. Um adeus de até já ,
Como a alguém que se espera a cada instante.

Que eu voltarei. Eu sei que hei-de voltar
De novo para ti, no mesmo barco
Sem remos e sem velas, pelo charco
Azul do céu, cansado de lá estar.

E viverei sem ti como um eflúvio, uma recordação.
E não quero que chores para fora,
Amor, que tu bem sabes que quem chora

Assim, mente. E, se quiseres partir e o coração
To peça, diz-mo. A travessia é longa... Não atino
Talvez na rota, Que nos importa, aos dois, ir sem destino?

Álvaro Feijó, "Os dois sonetos de Amor da hora Triste"

NE: Viver em poesia...