domingo, janeiro 11, 2004

Não foi simples gostar do que sou, vivi uma adolescência conturbada, era o mais franzino, não era bonito (ainda não sou), não tinha nenhuma característica que me evidenciasse dos demais, bastante fechado, demasiado sensível, não era um aluno brilhante, tudo desvantagens quando se frequenta o ensino secundário. Foi este o meu trajecto, de “teenager”.

A descoberta da capacidade de amar e também de sofrimento, transformou-me e percebi outras coisas, que um abraço pode ser melhor que uma “queca” (e o sexo pode ser fantástico, mas não é isso que em última análise fica); a beleza, e agora "mergulho" no cliché, é muito mais do que o exterior, como um amigo diz – “o escafandro não vale nada”, rasga-se e estraga-se, agora nós como pessoas é que não o podemos fazer, temos de estar sempre a cuidar do que nos é mais precioso, sairmos sempre de consciência tranquila, sentirmo-nos bem com o que somos. Gosto do que sou, sei que quando estou mal, estou mesmo mal, mas quando estou bem... quando estou bem sou capaz de ser feliz, verdadeiramente feliz, o estranho é que nem percebi, mas sou, mas fui...
Neste momento, as pessoas que gravitam em torno de mim, ou eu em torno delas, podiam ser, fisicamente, uns monstros e eu não me ralava, mas não, por vezes, tenho o carro lotado só de mulheres belíssimas, sorrio... e penso – mas o que é que se está a passar?



“(...)bem podia eu prescindir de vez do oxigénio exterior, alinhavando odes até ao óbito, que jamais estaria à altura do poema que és.”
in OSedentário

Nota do Editor: Ainda sei o que é uma mulher bonita