segunda-feira, novembro 24, 2003

Não posso...
Não posso adiar o amor para outro século.
Não posso.
Ainda que o grito sufoque a garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas.

Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes:
Amor e Ódio.
Não posso adiar.
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas,
E a aurora indecisa demore.
Não posso adiar para outro século a minha vida.
Nem o meu amor.
Nem o meu grito de libertação.

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

Post scriptum: Quero cumprir!