domingo, novembro 13, 2005


René Magritte

Meu amor, meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura
meu punhal a escrever
nós parámos o tempo
não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura
este céu não tem ar
nós parámos o vento
não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

Ary dos Santos