quarta-feira, novembro 05, 2003

Como sabeis fechar-vos, olhos assassinos!
Mas os tão belos seios,
lenha de meus enleios,
são puros desatinos:
tensos globos de neve, seu poder convocam,
e a meu fogo provocam.

Teu respirar é chama, incandescente lume,
que quanto nele viça
tremendo ardor atiça:
e no mais alto cume
dos portentosos picos fogaréus acende,
qual um rubi que esplende.

Tu dormes tão tranquila, enquanto eu velo aqui,
perdido em meus fogosos
anseios audaciosos,
e em mim te vejo a ti,
e a meu pesar dou peso e torturada calma
com beijar-te em minh'alma.

In 'Ária', Christian Hofmann Von Hofmannswaldau